Mensagem de um treinador de rugby

Ainda a propósito do post de Domingo, recebi esta mensagem que publico a título de ‘direito de resposta’. Gostei do interesse manifestado por este treinador em esclarecer-me sobre a diferença entre um desporto de contacto e a violência e a forma como se tentam evitar as lesões nos escalões mais jovens. Serviu para me deixar mais tranquilo com os treinos do JM.

«Sou, um grande apaixonado por rugby, tendo sido jogador no CDUP e sendo, agora, treinador no CDUP e na Selecção Nacional de Sub 17. Ao ver o seu post (e alguns comentários que lá são feitos), lembrei-me de lhe escrever e defesa deste desporto.

No que diz respeito a lesões (e sendo esta uma área onde é muito mais especialista do que eu) não considero (pela minha experiencia) verdade que o rugby seja, para as crianças, um desporto que leve a mais lesões graves que qualquer outro desporto. Na verdade, nos escalões etários entre os 6 e os 14 anos, o número de lesões contraídas durante os jogos ou treinos é extremamente diminuto (entre 2007-2010, em todas as provas organizadas pela Associação de Rugby do Norte, nestes escalões etários, não ocorreu nenhuma lesão que implicasse uma ida imediata ao hospital). Penso que se deve passar o mesmo com outros desportos. Para isto contribui o facto de, até aos 14 anos, os miúdos jogarem com um menor número de jogadores em campo e com algumas adaptações nas regras, que os “proíbem” de executar algumas das técnicas mais perigosas. E, tal como noutros desportos, só à medida que os atletas se vão desenvolvendo, vai havendo mais intensidade nos jogos é que começam a surgir os primeiros “toques”. Como em qualquer outro desporto.

Mas a violência não está presente. Nem se tolera que esteja. Nunca. Os valores do jogo, que existem de facto e são respeitados por todos, são completamente contrários a qualquer acção violenta. Tem, mesmo ao mais alto nível, exemplos jogadores profissionais com punições severas por terem, em campo, acções violentas para com adversários. Se há coisa que as entidades que gerem o rugby (Federação Portuguesa de Rugby, em Portugal, e International Rugby Board, a nível internacional), não deixam passar em claro é a violência.

E, depois, há toda a mística do jogo! O cultivar da diferença para os outros desportos (especialmente os mais profissionalizados). Envio-lhe, em anexo, um “Cartão Pedagógico” (devia ter um com o logo da Associação de Rugby do Norte, mas não o encontro). Foi uma iniciativa que desenvolvemos no Pós-Mundial 2007 (quando houve um enorme crescimento da modalidade), e que eram oferecidos, pelas organizações dos torneios, a todos os elementos (Pais&Mães; Jogadores; Treinadores) que se estivessem a comportar fora do “espírito do rugby”. Porque, o cultivar essa diferença, é para nós muito importante.

(…) Bem sei, também, que há apaixonados por todas as modalidades, e que, se calhar, encontra ainda mais defensores do Polo Aquático ou do Voleibol. Só achei por bem escrever-lhe, para afirmar que o rugby não é violento. É um jogo duro. Com contacto físico (que comporta riscos, bem sei).
Mas que tem regras muito claras e sobretudo, tem um espírito onde a violência não é, de todo, tolerada.

Espero que o seu filho se divirta, ao longo dos anos, a fazer desporto, qualquer que ele seja.»
Francisco Pereira Branco

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