Em defesa dos andarilhos (I)

Antes de mais importa esclarecer que sempre fui contra a entrada de um andarilho cá em casa. O JM não teve um e não me pareceu que lhe fizesse falta. Quando, por artes mágicas, vi um andarilho (há quem lhe chame voador) a aterrar cá em casa olhei-o com desconfiança. Mas hoje vejo-o como um brinquedo como os outros e passo a explicar porquê.

Todas as sociedades científicas pediátricas desaconselham o uso de andarilhos e a Sociedade Portuguesa de Pediatria não é diferente. Os andarilhos são causa de muitos acidentes evitáveis (voltarei a este adjectivo, mais tarde).  No Canadá, eles foram mesmo banidos com direito a multa para quem os vende. A campanha foi tão dura que a dada altura se dizia que os andarilhos eram responsáveis por atrasos na marcha, o que entretanto se provou não ser verdade.
Porque é que eu decidi vir em defesa do andarilho? Porque me assustam as brigadas higienistas que, com o argumento de ser perigoso para a nossa saúde (ou, no caso, para a saúde das nossas crianças), vão talhando a nossa liberdade individual. (O exemplo mais recente dessas obsessões sanitárias é a limitação do número de animais domésticos, que alguns entendidos do Ministério da Agricultura queriam impor nos apartamentos dos seus concidadãos.)  Tenho medo que hoje se persigam os andarilhos e amanhã se proíbam as bicicletas, as trotinetes, os carros a pedais. Todos estes brinquedos que envolvem actividade física e aparelhos com rodas envolvem uma boa dose de risco de acidentes, mas se tiramos isto às nossas crianças ficamos com o quê? Queremos as nossas crianças obesas sentadas numa redoma em frente a um televisor a ver programas devidamente higienizados e certificadamente educativos (aposto que haveria comissões técnicas que se ofereceriam para tratar das aprovações)? Não, obrigado.
Voltando aos andarilhos, e pelo que vejo cá em casa, eles são bem mais divertidos do que perigosos. Como com qualquer brinquedo que se dá a uma criança, é preciso estar atento e manter a vigilância sobre o petiz. Aliás, parece-me que o maior defeito dos andarilhos é dar uma falsa sensação aos pais de que se pode deixar a criança entretida e virar costas. Voltando à analogia que referi atrás, um andarilho não é diferente de uma bicicleta, de uma trotinete ou de um carro a pedais. A criança vai-se divertir imenso, mas exige vigilância apertada e alguns cuidados:
  • impedir o acesso a escadas – a criança num andarilho move-se mais rápido do que pensamos e no instante se lança escada a baixo;
  • retirar todos os objectos potencialmente perigosos do alcance da criança (por exemplo, utensílios afiados ou cortantes ou peças pequenas o suficiente que a criança possa engolir) – no andarilho, a criança fica mais alta e conseguirá alcançar tudo o que esteja nos bordos das mesas e aparadores.
  • ter muito cuidado com as toalhas – em cima, costumam estar pratos que partem, chávenas que escaldam, entre outros objectos que estão só à espera de ser puxados pela criança.
  • proteger os cantos das mesas, onde a cabeça do petiz pode razar à passagem do andarilho.
  • proteger as tomadas eléctricas – repito, a criança num andarilho move-se mais rápido do que pensamos 
No fundo, estes cuidados são os mesmo que teremos com a criança que começa a andar com apoio. São regras quase universais, que todos os pais vão conhecendo. Os andarilhos causam acidentes, mas estes são evitáveis. Basta estar atento como temos sempre que estar.
[fonte: wikipedia.org]

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