De volta aos nossos convidados especialistas. A Dra. Catarina Prior é uma amiga de longa data e também Mãe de um J. Ela é Pediatra do Neurodesenvolvimento do Centro Materno-Infantil do Norte (Centro Hospitalar do Porto), do Centro de Desenvolvimento Infantil do Porto e do Hospital Lusíadas Boavista. Recentemente, escreveu um artigo sobre o sono em idade pediátrica para a Revista Descubra as Diferenças. O texto está muito completo e eu pedi que ela ‘trocasse por miúdos’ para os leitores aqui do blogue. Leiam, porque está brilhante! Foi-nos muito útil cá em casa para estabelecermos algumas regras para regresso à aulas. No fim, encontram dois quadros adaptados dum panfleto da Sociedade Portuguesa de Pediatria sobre o mesmo tema. Pode imprimir e colar na porta do quarto do seu filho (cortesia aqui do blogueiro).
Últimas recomendações sobre o sono das crianças e adolescentes
Catarina Prior
O sono é um aspecto essencial da saúde e bem-estar do ser humano. Em idade pediátrica existe ampla evidência de que uma duração de sono insuficiente e/ou uma má qualidade do sono conduzem a sonolência diurna com comprometimento de diversas funções neurocognitivas como diminuição da flexibilidade do pensamento, do raciocínio abstracto, da destreza motora, da atenção e da memória, com consequente afectação da aprendizagem. A perda de sono e a sua fragmentação afectam também de modo directo o humor e a sua regulação, com irritabilidade, impulsividade, hipercinetismo, agressividade e aumento do risco de lesões acidentais. Além das consequências sobre o neurodesenvolvimento e o comportamento, os distúrbios do sono na infância têm ainda sido associados à ocorrência de patologia orgânica como excesso ponderal/obesidade e de hipertensão arterial.
A disrupção do sono infantil e juvenil tem repercussões nefastas também nos pais, aumentando nomeadamente o risco de depressão materna e de disfunção familiar. O sono é, portanto, um aspecto que não deve ser descurado. A Academia Americana de Medicina do Sono (American Academy of Sleep Medicine – AASM) publicou recentemente (J Clin Sleep Med 2016;12(6):785–786) uma declaração de consenso relativa à quantidade de sono recomendada em populações pediátricas, corroborada pela Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP).
Com base na análise efectuada os peritos recomendam as seguintes horas de duração de sono, numa base regular, com vista à promoção de uma saúde óptima:
- Lactentes dos 4† aos 12 meses: 12 a 16 horas por 24 horas (incluindo sestas)
- Crianças de 1 a 2 anos: 11 a 14 horas por 24 horas (incluindo sestas)
- Crianças de 3 a 5 anos: 10 a 13 horas por 24 horas (incluindo sestas)
- Crianças de 6 a 12 anos: 9 a 12 horas por 24 horas
- Adolescentes de 13 a 18 anos: 8 a 10 horas por 24 horas
† – Não foram contempladas nestas recomendações idades inferiores a 4 meses devido a uma ampla variação dos normais padrões e duração de sono nesta faixa etária, bem como à insuficiente evidência científica de associação com consequências na saúde.
Foi ainda identificada clara evidência científica de que dormir o número de horas recomendadas numa base regular está associado a melhores resultados na saúde nomeadamente a nível da atenção, comportamento, aprendizagem, memória, regulação emocional, qualidade de vida e saúde mental e física.
Para além destas recomendações, a AAP recomenda que todos os ecrãs sejam desligados 30 minutos antes de deitar e que televisão, computadores e outros ecrãs não devem ser permitidos nos quartos das crianças e adolescentes. Para lactentes e crianças pequenas, o estabelecimento de uma rotina de deitar é importante para assegurar que durmam o suficiente em cada noite.
Adaptado de O Sono em Idade Pediátrica: recomndações relativas à sua duração.
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