Este artigo no Pediatrics chamou-me atenção para alguns pontos importantes sobre a educação dos nossos filhos. Trata-se duma revisão de 26 estudos publicados sobre a relação entre actividade física e sucesso escolar. Das conclusões principais, destacam-se:
- a actividade física livre entre os períodos das aulas (mesmo que apenas 10 minutos) contribuem para o aumento sucesso escolar;
- o impacto sobre a Matemática parece ser maior do que sobre a leitura e a escrita;
- a actividade física faz com que haja mais concentração no trabalho intelectual;
- o exercício físico escolar parece ser mais benéfico que o desporto extra-curricular.
Estas conclusões levantam uma série de reflexões. Numa sociedade que se depara com o aumento de diagnósticos de crianças com hiperactividade e/o défice de atenção das crianças, escolhemos encurtar o tempo que elas têm para brincar livremente no recreio e menorizamos o papel da disciplina de Educação Física. A ciência reforça aquilo que sabemos há algum tempo: exercício físico aumenta a capacidade de concentração. Não é preciso que este exercício físico seja sob a forma dum desporto organizado. Basta dar tempo e espaço para brincar entre as aulas.
Na mesma linha de pensamento, parece-me óbvio que as reformas que envolvem as outras disciplinas mais intelectuais (matemática, língua portuguesa ,principalmente) não deveriam ser feitas independentemente das alterações no tempo e tipo de exercício físico que é proporcionado aos alunos. Seria até desejável que em cada programa de cada disciplia juntássemos jogos e actividades físicas relacionadas com a matéria dada. Há várias ideias possíveis no website GetFitIn, no MathAndMovement e, claro, por esse Youtube fora.
Finalmente, o papel do desporto extra-curricular é importante, mas o que é feito dentro da escola é mais. É muito diferente, os miúdos terem que se deslocar (e os pais pagarem) a um clube para praticarem desporto ou as próprias escolas criarem os seus clubes. Mais, é bem diferente chutar estes momentos desportivos para o final do dia e espremê-los entre trabalhos de casa ou, inseri-los na vida escolar normal. Não sou eu que o digo, é a ciência.
[fonte da imagem: mathandmovement.com]
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