Esta é a minha tradução literal dum título bombástico que apareceu na Medscape, há 2 meses: Appendix Removal Linked to Lower Future Parkinson’s Risk. Dois estudos publicados em simultâneo estão a agitar a comunidade médica (ou parte dela), porque apontam o apêndice ileocecal como uma das causas da Doença de Parkinson. Um dos estudos, que envolveu toda a população da Suécia e que dura há 50 anos, descobriu que os indivíduos apendicectomizados tinham um risco 20% menor de desenvolver Doença de Parkinson. Um segundo estudo, realizado nos EUA, mostrou que os doentes com Parkinson que tinham sido apendicectomizados na infância desenvolveram os sintomas da doença mais tarde do que aqueles que não tinham removido o apêndice.
Atenção, ninguém está a sugerir a remoção do apêndice ileocecal para prevenir a Doença de Parkinson. No entanto, estes estudos demonstram que ele tem um papel central no desenvolvimento inicial da doença. O nervo vago, que inerva todo o intestino e é responsável por levar e trazer a informação ao cérebro do que lá se passa, pode transportar umas proteínas (alfa-sinucleína) que se depositam em algumas regiões do cérebro, provocando os sintomas da Doença de Parkinson. De facto, o mesmo artigo, refere que os a análise dos apêndices removidos continham uma grande concentração destas proteínas. Mais, as alfa-sinucleínas dos apêndices dos (futuros) doentes de Parkinson eram diferentes das encontradas nos apêndices daqueles que não desenvolveram Doença de Parkinson. É de facto, surpreendente.
Concluindo, há aqui muita matéria para futuras investigações, principalmente porque ainda sabemos pouco da patofisiologia da Doença de Parkinson e do papel imunomodulador do nosso querido apêndice. Se quiser ler mais sobre o apêndice ileocecal sugiro-lhe os seguintes textos deste blogue: O fantasma do apêndice I, II (conselhos práticos) e III (laparoscopia). Se se sentir com coragem para ler o artigo científico onde estão publicados os estudos referidos neste texto, pode ir por aqui: The vermiform appendix impacts the risk of developing Parkinson’s disease.

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