Quem me segue no instagram terá reparado que passei uma temporada em Moçambique. Foram 10 dias intensivos na 21ª missão humanitária da Health4Moz. Já tenho falado aqui na Health4Moz, mas é sempre bom recordar que esta Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) coopera no ensino pré- e pós-graduado de profissionais de saúde em Moçambique, em especial daqueles que trabalham com crianças e suas famílias. Tem 6 anos de existência e nasceu de um pedido de ajuda a Universidade de Lúrio (UniLúrio), Nampula, na melhoria da formação dos seus estudantes de Medicina, Medicina Dentária e Enfermagem. Em pouco tempo, o seu raio de ação passou também para o apoio à formação pós-graduada, apoiando estágios de médicos moçambicanos em Portugal, em colaboração com a Ordem dos Médicos Portuguesa, e estágios de médicos portugueses em Moçambique, com a colaboração da Ordem dos Médicos Moçambicana, assim como a formação de médicos moçambicanos em Moçambique a pedido do Ministério de Saúde de Moçambique (MISAU). Portanto, fazemos solidariedade científica e académica para melhorar a Medicina de Moçambique e também de Portugal.
A 21ª missão levou-nos (a mim e a uma colega mais nova do serviço) a Maputo, a Nampula e à Beira, para lecionar aulas práticas do curso de ‘Introdução à Cirurgia Pediátrica – Health4Moz’. O curso propriamente dito começou 3 meses antes, porque, com a ajuda da Universidade do Porto, lançámos uma plataforma de ensino à distância onde demos as aulas teóricas. A viagem a Moçambique serviu para darmos as aulas práticas: discussão de casos clínicos, curso de feridas e suturas e suporte básico de vida. Participaram 129 alunos do 5º ano de 5 faculdades de Medicina Moçambicanas: Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e Instituto Superior de Ciências e Tecnologias de Moçambique (ISCTEM) em Maputo, UniLúrio e Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC) em Nampula, e ISCTAC – Beira. Aproveitámos também para dar uma vista de olhos nas obras de recuperação do Hospital da Beira que ficou destruído pelo ciclone Idai e que está a ser recuperado pela Health4Moz.
A nível pessoal, este projeto preenche uma vontade de ajudar quem mais precisa que me acompanha desde que entrei no curso de Medicina (pelo menos). A nível profissional, estas viagens são sempre momentos de grande aprendizagem. Ganhamos muito com o contacto com a realidade africana e com os colegas cirurgiões de Moçambique que arranjam formas inventivas de resolver os problemas dos seus doentes com poucos meios e continuam a ter contacto com doenças quase extintas em Portugal. É também uma forma de repensarmos o que é fundamental e o que é acessório nas nossas vidas. Não é ‘solidariedadezinha’, é uma troca mútua. Por isso, eu agradeço muito a simpatia e a dedicação com que nos acolhem em cada edição deste curso. Deixo-vos algumas fotografias da viagem, mas convido-vos a ver o vídeo no meu instagram.





Claro que há outros agradecimentos a fazer. Em primeiro, ao Centro Materno Infantil do Norte e ao Centro Hospitalar do Porto, por nos deixarem ir. Aos colegas do nosso serviço que se aguentaram à bronca sem 2 dos seus elementos. À Universidade do Porto e ao Centro Académico Clínico ICBAS-CHUP, pelo apoio logístico e informático. Aos Hotéis Pestana e à Visabeira pelo alojamento em Moçambique. A todos ele, Muito Obrigado.
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